La revista Tintimám ya tiene su sitio oficial en la red. Lo celebramos con el formato electrónico de las 104 páginas del tercer número de la revista TINTIMÁM: TINTIMÁM 02 y, la edición impresa del tercer número de la revista, que puede ser adquirido a través de página web y puntos de venta habituales.
Para más información, acceder a: http://www.tintimamrevista.com/index.php
Aunque es un placer para mi escribir sobre esta publicación desde aquí, utilizo el nombre y las imágenes para el espacio sin ánimo de poseer lo que no me pertenece, contribuyendo a que se difunda la noticia de la vuelta a la luz de la revista y compartiendo una parte de los trabajos de los que en ella colaboran, ha llegado el momento de modificar el blog progresivamente por no ser necesario ya para cumplir con los compromisos adquiridos mientras no estaba en funcionamiento el sitio oficial en la red. Me habían concedido la posibilidad de utilizar este sitio como soporte informativo hacia personas, colectivos, empresas e instituciones, para mi colaboración desde Bilbao.
Este blog no es el sitio oficial de TINTIMÁM Tintimám es también plataforma de encuentro con la lusofonía; su idioma original y el principal para su difusión, será siempre el gallego-portugués, traducido al español, inglés, y en ciertos casos a la
lengua de orígen de la información.

jueves, 29 de septiembre de 2011

21º Edição em Braga dos Encontros da Imagem



A través de Pha´a´k e :

 

INTRODUÇÃO
Nascidos em 1987, os Encontros da Imagem celebram a sua 21ª edição, constituindo um dos mais antigos festivais da Europa.O momento é de crise. Crise económica, social e, quiçá, de valores. Daí o enfoque este ano na fotografia social. Os Encontros da Imagem têm pautado a sua intervenção no espaço fotográfico através de abordagens que procuram ir ao encontro de tendências subjacentes às representações de cada momento. Desde o historicismo fotográfico que pontuou as primeiras edições, às expressões mais plasticizantes, às questões de género, atravessando a paisagem, temos dado corpo a diferentes territórios da fotografia. Numa época em que a imagem adquiriu uma imensa banalidade resultante da evolução tecnológica, em que cada um de nós é um potencial fotógrafo, consideramos importante refletir em torno da fotografia documental. Para concretizar tal intenção selecionou-se um conjunto de projetos que, exprimindo diferentes abordagens, constituem uma amostra significativa do conceito.
Mas um festival é também uma ocasião de reflexão, formação e festa. Assim, para além do conjunto de exposições organiza-se uma leitura de portefólios, na qual críticos, diretores de museus e festivais, galeristas e editores, analisam individualmente o trabalho dos fotógrafos. Para além do estimulante prémio pecuniário esta ação constitui igualmente um ímpar momento de convívio e uma plataforma preferencial para a divulgação da obra dos autores participantes. A formação e a compreensão das obras é algo que consideramos fundamental, pelo que se realizam também workshops e visitas guiadas.
Se a fotografia é memória, a sua visibilidade através de exposições acaba por ser efémera, tornando-se fundamental a sua publicação. Nesse sentido, acontece uma mostra de livros de fotografia em parceria com uma livraria local.
Numa perspectiva de angariação de novos públicos encontram-se igualmente agendadas projeções e atividades lúdicas.Procurando lutar contra as adversidades do momento e com o apoio de instituições e mecenas que continuam a acreditar no nosso projeto, e a quem muito agradecemos, conseguimos erigir mais um festival que, esperamos, seja do agrado de todos.
A Organização

Oscar Fernando Gómez
 

SOBRE O TEMA
O social como documento
O conhecimento que temos do mundo anterior à fotografia (paisagens, retratos, cenas do quotidiano...) encontra-se representado pela pintura, de acordo com as épocas e as escolas, e com toda a carga ficcional que isso acarreta. No século XIX, algumas dessas representações tornam-se mais fidedignas com o recurso ao uso da câmara lúcida. Porém, a representação da “realidade”, ainda que momentânea, transitória e subjetiva, adquire maior acuidade com a chegada da fotografia. Assim, a invenção da técnica fotográfica trouxe uma maior aproximação à realidade e à ideia de verdade, não obstante a sua história estar pejada de manipulações. Hoje, e resultante do progresso tecnológico, através de um simples clique, essa realidade é facilmente alterada e a ideia de verdade foi-se dissipando, dando lugar à desconfiança. Contudo, acreditamos que a evolução das tecnologias de comunicação não deverá apagar ou minimizar os conteúdos essenciais para a escrita da História e ainda existe um conjunto de fotógrafos que operam dentro de um código documental e registam o nosso quotidiano com relativa verdade.
A fotografia documental constrói-se de forma consistente na transição do século XIX para o século XX. Thomas Annan (1829-1887), Arnold Genthe (1869-1942), Jacob August Riis (1849-1914), Lewis Hine (1874-1940), são alguns dos precursores que documentam a sociedade do seu tempo e simultaneamente produzem ilustrações para a sociologia emergente.
No momento presente, e com o advento do digital, a compreensão do fotográfico torna mais complexa ao mesmo tempo que o seu devir se torna cada vez mais enriquecido com a incorporação de novas questões. Numa época em que se alcançou uma democraticidade na fabricação da imagem nunca antes conhecida, donde resulta uma enorme euforia na construção e publicação de imagens, consideramos pertinente uma reflexão em torno da fotografia documental social.
O mercado das galerias e de feiras tem tendencialmente apontado uma fotografia de construção conceptual, o que tem produzido alguns equívocos, geradores de projetos meramente decorativos e inconsequentes; os meios de comunicação, por razões essencialmente financeiras, abandonaram a publicação de portefólios, do documentalismo de investigação confinando-se, salvo raras exceções, a uma agenda do dia-a-dia frequentemente preenchida por estagiários. Face a esta conjuntura, acreditamos pertinente contribuir para encarar e refletir sobre a importância da imagem documental. Intencionalmente, fugimos às imagens das grandes manchetes jornalísticas – a imensa proliferação de fotografias de guerra e outras catástrofes, criaram uma cegueira ou imunidade a essas temáticas. As nossas opções dirigiram-se a projetos que, não sendo propriamente inovadores, revelam maturidade e alguns recantos da sociedade atual.
Os países da Europa Central têm uma longa tradição na fotografia documental cuja matriz é dominada pelo dramatismo do preto e branco de grão explosivo, com particular incidência num discurso humanista. Paulatinamente uma nova geração de autores vai-se afastando daquelas práticas para ensaiarem novos conceitos com base no uso da fotografia. Amadurecido esse experimentalismo, encontramos um vasto número de autores dos quais Vladimir Brigus e Tomáš Pospĕch, fazem uma seleção representativa do que podemos apelidar um novo documento da atualidade.
Em Portugal, o documentalismo fotográfico tem, de alguma forma, um défice expositivo. Para colmatar essa falha e de certa maneira sublinhar a importância que esta prática encerra na preservação na nossa memória colectiva, lançámos o repto ao colectivo KAMERAPHOTO de construir um retrato atual do país. Daí resultou uma multiplicidade de olhares, conforme convinha, que perscrutam o momento de crise do país. Do discurso intimista, ao retrato, passando pelo drama das carências económicas, produz-se um painel sociológico que ilustra as vicissitudes do momento.
Mas mesmo nos momentos de crise, existe sempre no ser humano um lado de celebração. Para revelar essa alegria, esse estado de espírito positivo, selecionamos um dos últimos trabalhos de Marina del Mar que documenta de forma incisiva o quotidiano festivo na região de Almeria (Espanha).
O quotidiano altera-se também consoante as culturas e para exemplificar as experiências vivenciais revelamos a obra de Dragan Tomas com os seus Irish Travelers. As suas fotografias procuram enfatizar a essência única deste povo procurando captar de forma profunda a sua cultura.
                            Oscar Fernando Gómez
Deslizando para outras culturas, nomeadamente aquelas cujas raízes remontam ao pré-colombianismo, apresenta-se a obra de Óscar Fernando Gómez. Taxista de profissão, faz fotografia pelo mero prazer de registar os momentos que lhe despertam atenção. O seu olhar é puro, incólume às influências da cultura fotográfica, criando assim, um mundo sem preconceitos onde cada imagem é um instante puro de realidade.
Numa perspectiva mais reflectida, mas também envolta no manto cultural apresenta-se a obra de José Pedro Cortes. Jogando numa espécie de campo e contra-campo, Cortes explora o intimismo de jovens judias norte americanas, que retornam às suas origens para cumprimento do serviço militar, com espaços exteriores, expressos nalguma ambiguidade, conduzindo a um questionamento do observador.
Através de uma fractura discursiva e conceptual Mark Curran confronta o olhar do espectador com consequências decorrentes da globalização. No caso, a expansão industrial na antiga Alemanha de Leste. Utilizando diversos tipos de suporte o autor realiza um mapeamento de novas vivências e transformações do quotidiano.
A densidade das texturas e das formas torna a obra de Stéphane C. singular. Utilizando o preto e branco, o autor constrói um discurso onde impera a intemporalidade. Ofuscadas pela luz e de contrastes acentuados as fotografias impõem um atrativo dramatismo idílico.
Por seu lado, André Cepeda convida-nos a mergulhar em interiores que normalmente rejeitamos, ainda que despertem a nossa curiosidade. São retratos e interiores que o não são. E não o são porque, de uma maneira geral, são tangenciais ou marginais ao socialmente comprometido. Personagens e espaços anódinos mas cheios de riqueza que nos levam a questionar o que a sociedade nos oferece.
André Príncipe partilha connosco momentos intensos de intimidade. São momentos de muitos finais de noite em Lisboa, onde cada protagonista acredita ter alcançado a liberdade. Uma espécie de grito de revolta em resultado da bebida onde o despudor joga um papel essencial.
Finalmente Pedro Stephan apresenta Luana Moniz, a rainha da Lapa. O autor penetra no mundo do travestismo e o seu trabalho adquire maior profundidade à medida que a confiança é conquistada. O projeto de Stephan não cai no facilitismo que o tema possa suscitar, procurando, com nobreza, respeitar os limites impostos, mas simultaneamente a obra contém informação suficiente para uma reflexão séria e despida de preconceitos em torno dos códigos que encerram a questão.
Acreditamos que cada projeto nos permite uma visão abrangente da sociedade atual, contribuindo igualmente para um retrato sociológico de grande riqueza e uma reflexão em torno das vivências do momento.
Rui Prata, diretor dos Encontros da Imagem